Coronavírus: perda de olfato pode ser sinal de alerta

De Daniela Borsuk | 1 de abril de 2020 | 18:01
(Foto: Pixabay)

Um dos grandes desafios no combate ao COVID-19, o novo coronavírus, tem sido o diagnóstico precoce da doença, de fácil transmissão e difícil detecção. Durante o período de quarentena, os pacientes assintomáticos podem ser os maiores proliferadores do vírus: por não apresentarem sintomas evidentes, acabam entrando em contato com outras pessoas e aumentando o alcance dele.

A anosmia – ou perda do olfato – tem sido compartilhada por médicos e cientistas como um sinal de alarme do coronavírus. Apesar de não haver evidência robusta para cravar o problema como um sintoma, a Associação Brasileira de Rinologia (ABR) orienta o isolamento das pessoas que tiverem indícios.

“A pandemia que vivemos, claramente, é uma situação atípica. Por isso, todo cuidado e prevenção nesses casos é recomendada”, afirma o médico Rodrigo Silveira de Miranda, otorrinolaringologista do Hospital IPO. “O ideal é que pacientes nestas condições sejam orientados a realizar isolamento domiciliar por 14 dias”.

Há indícios de que o vírus atua no cérebro inibindo algumas áreas relacionadas ao olfato. A anosmia acaba sendo um sintoma inicial, principalmente, em pacientes abaixo dos 40 anos. “Muitos desses pacientes não apresentam qualquer outro sintoma, desenvolvendo a forma assintomática do COVID-19”, complementa o médico Diego Sherlon Pizzamiglio, também do Hospital IPO.

A melhor forma de saber se isso seria um problema real ou não é conversar com um otorrinolaringologista. Para isso, antes de se deslocar até o hospital, existem formas para fazê-lo, desde entrar em contato com o seu médico assistente até passar por uma consulta de Teleorientação pela internet, serviço agora disponibilizado pelo Hospital IPO, através do site www.ipo.com.br.

Pela pandemia do coronavírus tratar-se de um fato relativamente novo e estar se espalhando rapidamente, há ainda poucos dados para se ter certeza do quanto pode durar o sintoma da anosmia. “Por enquanto, a duração nos pacientes com COVID-19 tem sido de, aproximadamente, 14 dias. Portanto, a orientação é aguardar a resolução espontânea da anosmia que, apesar da forte correlação com a manifestação da COVID-19, parece ser temporária na maioria dos casos e com evolução favorável”, aconselha Miranda.

A anosmia, no entanto, também pode significar outras coisas, informam os especialistas. As infecções virais de vias aéreas superiores (IVAS) são a segunda maior causa de anosmia (a primeira é idiopática, sem origem determinada), apresentando recuperação espontânea na maioria dos casos. Destes, dos que não apresentam remissão do sintoma dentro dos primeiros 14 dias, 25% apresenta melhora e recupera o olfato em até seis meses. Além do mais, 15% das pessoas com mais de 50 anos terão anosmia, invariavelmente.

Outros fatores que podem levar à anosmia vão desde sintomas iniciais de alguma forma de demência, tumores cerebrais, intoxicação por produtos químicos até toxicidade de medicamentos. Por isso, não só a suspeita de COVID-19 deve levar o paciente com anosmia ao otorrinolaringologista. Trata-se de um sintoma que, independente da sua patologia de base, merece detalhada investigação e acompanhamento adequado.

Colaboração Hospital IPO