Economia de água é essencial para evitar o desabastecimento

De lucianpichetti | 27 de maio de 2020 | 16:50
Foto: Pexels

O Governo do Estado promove uma série de medidas para minimizar o impacto da crise hídrica provocada pela maior estiagem dos últimos 50 anos, que reduziu o nível dos rios e reservatórios de abastecimento de água de todo o Paraná. A economia de água por toda a população, porém, é fundamental para evitar o desabastecimento nos próximos meses.

De acordo com o Simepar, o volume de chuvas no Estado só deve se normalizar em setembro. A conscientização e participação da população foram pontos dos mais destacados na entrevista coletiva com representantes do Governo do Estado, no Palácio Iguaçu, nesta quarta-feira (27).  

No encontro, foram apresentadas a situação climática do Estado e o impacto da crise hídrica no abastecimento de água e no fornecimento de energia, além de outros setores.

Participaram da coletiva o secretário de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes; os presidentes do Instituto Água e Terra (IAT), Everton Costa; e do Simepar, Eduardo Alvim; os diretores de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky; e de Operações, Paulo Alberto Dedavid; o gerente do Centro de Operação da Geração e Transmissão da Copel, Ricardo Rodrigues; e o professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná, Eduardo Gobbi.

“Cada gota de água é importante. Toda a sociedade precisa estar mobilizada para reduzir o uso e evitar ao máximo o desperdício”, destacou o secretário Márcio Nunes.

“O Paraná enfrenta, ao mesmo tempo, a pandemia da Covid-19 e uma das piores crises hídricas da sua história. E é possível traçar um paralelo entre essas duas situações. Da mesma forma em que é preciso usar máscara e álcool para evitar a transmissão do vírus, também é preciso que as pessoas façam a sua parte para que não falte água”, enfatizou.

Importantes bacias hidrográficas do Estado estão com os menores volumes de água em décadas. No Rio Iguaçu, é o menor volume em 90 anos e o Rio Tibagi está com o nível mais baixo dos últimos 41 anos. “A crise é real, é forte e é histórica. Se não nos conscientizarmos e fizermos um uso racional, vai faltar água para abastecimento”, afirmou o diretor de Meio Ambiente da Sanepar. 

Grande Curitiba

A situação mais crítica é na metade Leste do Estado, com impacto maior Região Metropolitana de Curitiba, onde o nível médio das barragens da Sanepar está em 43%. São quatro reservatórios responsáveis pelo abastecimento de 3,5 milhões de pessoas: o de Iraí está com 17% da capacidade, o Passaúna com 41,42%, o Piraquara I com 61% e o Piraquara II com 100%.

A Sanepar opera em um sistema de rodízio do fornecimento na RMC, com um dia sem água e quatro dias de abastecimento. Como não há previsão para chuvas em volume significativo para normalizar a vazão de rios e regular o nível das barragens, a companhia seguirá trabalhando neste cenário, com análise técnica diária da situação dos mananciais e a busca por alternativas para manter a população abastecida.

Uma opção é a captação emergencial de água de fontes alternativas, como lagos, rios e cavas que hoje não são usados para o abastecimento. A Sanepar estuda a possibilidade de repassar à Barragem do Passaúna a água de uma pedreira próxima, além de utilizar o reservatório da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Petrobras.

Interior

Todas as regiões do Paraná são impactadas pela estiagem. Em Cascavel, no Oeste, a Sanepar precisou ampliar a fonte de captação. Está prevista para ser inaugurada em outubro o sistema do Rio São José. Em Medianeira, também no Oeste, onde a situação é igualmente crítica, foram usados poços e transposição de rios.

Previsão

No período de um ano, o volume de chuvas no Paraná diminuiu de 30% a 90%, variando em cada região. A estiagem foi ainda mais intensa no último trimestre, entre os meses de março e maio.

“As previsões apontam que ainda vai chover abaixo do normal no Paraná durante o inverno, que já é um período historicamente mais seco”, explicou o presidente do Simepar, Eduardo Alvim.  “O volume de chuvas só deve voltar à média na primavera, mas isso não se traduz, necessariamente, na recuperação dos níveis dos mananciais”, salientou.

Colaboração AEN