Educação prevê ensino híbrido no retorno às aulas

De lucianpichetti | 24 de julho de 2020 | 15:53
(Foto: Arquivo Agência Brasil)

Quando voltarem às escolas, os estudantes da rede pública e privada do Paraná podem ter 50% das aulas presenciais e 50% das aulas remotas. A proposta, que integra o protocolo estadual para a reabertura das escolas, foi apresentada pela diretora de Planejamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Adriana Kampa, em reunião remota da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), nesta quinta-feira (23).

Dessa forma, seriam 15 dias de aulas presenciais e outros 15 dias de aulas online. De acordo Adriana, com o modelo híbrido, as famílias poderão escolher se querem ou não enviar seus filhos para a escola.

Protocolo básico

A diretora de planejamento afirma que, como é a pandemia que vai dizer quando as aulas vão voltar, a orientação deve ser contínua, afinal, vai se exigir uma mudança de hábitos que será permanente.

O protocolo básico de retorno inclui, entre outros pontos, o distanciamento físico, limitação de acesso às escolas, organização nas entradas e saídas, cuidados no transporte escolar, distribuição de EPIs, aferição da temperatura pelo menos duas vezes por período e uso obrigatório de máscaras.

As medidas ainda dependem da aprovação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

A diretora afirmou ainda na reunião que será necessária a contratação de professores temporários para substituir os 5.126 profissionais com mais de 60 anos, que seriam afastados por estarem no grupo de risco.

Participaram da reunião remota o deputado Professor Lemos (PT), que está à frente da comissão temática que trata da educação, o coordenador da frente, deputado Michele Caputo (PSDB), a vice-coordenadora, deputada Maria Victoria (PP), além de representantes da Seed, da APP Sindicato, do Sindicato de Estabelecimentos Particulares de Educação do Paraná (Sinepe) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Regras sanitárias

Requião Filho (MDB), que apresentou na Assembleia Legislativa o projeto de lei 368/2020 que prevê regras sanitárias, retorno gradativo, testagem, entre outras formas de promover a segurança dos alunos e dos profissionais, afirmou que a proposta não trata de quando será o retorno, mas de como. 

Inclusão

Integrante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes afirmou que nenhum estado tem condições de voltar nesse momento.  Mesmo assim, o ano não pode ser considerado perdido. O problema, de acordo com Marlei, é que mais de 60% dos estudantes brasileiros não têm acesso ao computador. Ela defendeu que o processo de discussão seja amplo e que cada escola tenha seu próprio comitê, pois cada uma tem uma realidade diferente. O objetivo é que não se corra o risco de ampliar a exclusão.

Vetores do vírus

Muitos pais estão receosos em enviar os filhos para as escolas porque especialistas apontam que as crianças e adolescentes são vetores do vírus. Só na rede estadual são mais de um milhão de estudantes.

Uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliou o risco de um retorno às aulas sem planejamento. Foram compilados dados do IBGE e do Ministério da Saúde. A conclusão foi que no Paraná, por exemplo, o estado conta com uma população adulta onde 20,8% tem pelo menos uma doença. Além disso, 17,2% das famílias possuem pessoas acima de 60 anos que têm uma criança ou adolescente em idade escolar. Isso significa que 38% da população estão nessa condição.

Com base nesses dados, a Fiocruz chegou à conclusão de que mais de nove milhões de pessoas poderiam estar em risco com uma volta precipitada.