Estudo alerta que exposição ao Bisfenol pode levar homens à infertilidade

De Scheila Pessoa | 3 de março de 2020 | 12:25
(Foto: Divulgação/UEL)

Os Pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) fizeram um estudo que mostrou que o Bisfenol A (BPA) pode ser o responsável pelo crescente número de indivíduos do sexo masculino, em idade reprodutiva, com problemas de infertilidade. Muito utilizada na fabricação de policarbonato, a substância é um tipo de resina usada na produção da maioria dos plásticos.

Diante dos diversos riscos que esta substância pode causar à saúde, como câncer e problemas cardíacos, o BPA já foi banido de países desenvolvidos como os Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, uma lei de 2011 proíbe apenas o uso na fabricação de produtos para bebês, como mamadeiras e outros utensílios para lactentes.

Resultado das Pesquisas

A pesquisa coordenada pela professora Glaura Scantamburlo Alves Fernandes, do Centro de Ciências Biológicas da UEL, e financiada pela Fundação Araucária, alertou que mesmo em doses baixas o BPA pode alterar o desenvolvimento do testículo e do epidídimo de adolescentes. “O Bisfenol A pode levar a alterações reprodutivas no ser humano. Quando este indivíduo entrar na fase de reprodução ele pode ter um déficit de fertilidade”, disse Glaura .

A pesquisadora Fernanda Mithie Ogo, que estudou o tema em seu projeto de mestrado, destacou que foram usados roedores como modelo experimental e que estes animais são mais resistentes do que o homem a este tipo de substância. “Se o agente pode causar alterações nestes animais, o homem como é mais sensível, certamente terá mais prejuízos em relação ao animal. Também não se pode descartar o fato de que a exposição ao BPA por um tempo maior pode trazer consequências mais severas como o câncer,” explicou.

A principal orientação para a população é que só sejam adquiridos produtos plásticos com a informação “Livre de BPA”. Para quem usa utensílios plásticos com Bisfenol A a recomendação é não aquecê-lo. “A alta temperatura faz com que pequenas quantidades destes elementos sejam liberados no produto ou alimento, que fazem com que este tóxico seja consumido diretamente,” afirmou a professora Glaura Scantamburlo.

Ela ressaltou ainda que muitas pessoas insistem em utilizar tigelas e outros recipientes de plástico para armazenar alimentos por serem mais baratos do que os de vidro, por exemplo. Ignorando o risco que uma simples marmita de plástico, aquecida diariamente no trabalho, pode causar à saúde desta pessoa.

A representante da Câmara e do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná e assessora da diretoria da Fundação Araucária, Priscila Tsupal, reiterou que as garrafas de plástico de água mineral, filme plástico e copos descartáveis para cafezinho, por exemplo, também podem conter BPA. “A lista é bem grande e é preciso estar atento às informações do rótulo. É importante observar se os números 3 ou 7 estão expostos no símbolo da reciclagem. Se estiverem, não utilize e nunca esquente alimentos no plástico,” reforçou.

“O alerta feito por meio do projeto da UEL ´Desenvolvimento testicular pós-natal de ratos expostos ao Bisfenol A durante o período peripuberal´ à sociedade, é mais um exemplo da importância e necessidade do investimento na pesquisa científica pelo Governo do Estado por meio da Araucária”, disse o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

Colaboração AEN