Evento discute a importância do diagnóstico e tratamento da tuberculose

De Barbara Schiontek | 22 de março de 2021 | 18:54
Foto: Nalu Lourençon/Sesa

Nesta segunda-feira (22) a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná realizou um evento virtual com profissionais das Regionais e da Vigilância Epidemiológica dos municípios para reforçar a importância do diagnóstico e do tratamento da tuberculose. O encontro aconteceu devido ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, marcado no dia 24 de março.

“Alertamos os profissionais que atuam na área e a população sobre a importância do diagnóstico diferencial da doença e a necessidade de se manter o cuidado das pessoas infectadas, incentivando os pacientes a seguirem com o tratamento”, disse o secretário estadual da Saúde, Beto Preto. “Muitas vezes observamos que este tratamento é abandonado. Lembramos que a tuberculose é insidiosa, grave e pode matar. Mas é uma doença passível de ser debelada ou diminuída”.

Ele reforçou que o Paraná enfrenta muitas dificuldades com o momento da pandemia da covid-19, mas é preciso estar atento às outras doenças. “Lembrando que na hora que a imunidade se fragiliza é que as doenças tomam lugar. Este é um momento de reflexão de todos sobre os cuidados com a saúde”, destacou o secretário.

Dados

Em 2019, no Brasil, foram diagnosticados mais de 70 mil casos novos de tuberculose, com incidência de 35,0/100 mil habitantes. No Paraná, em 2020, houve uma redução de 5,8% no diagnóstico de casos novos de tuberculose, em comparação ao ano de 2019. Foram 2.220 casos novos ou incidência de 19,4/100 mil habitantes. 

O número de casos em retratamento foi estável, em torno de 260. Houve redução de 15,8% no número de óbitos pela doença como causa básica: de 158, em 2019, para 133, em 2020.

No entanto, a análise de tendência linear da taxa de mortalidade demonstra alta nos últimos anos. O secretário Beto Preto ressalta que o óbito por tuberculose é considerado evitável.

“É uma doença que pode ser prevenida através da vacina BCG e tratamento da infecção latente, tem diagnóstico sensível à atenção primária em mais de 80% dos casos e tratamento gratuito disponível pelo SUS para toda a população”, disse.

As Regionais de Saúde que apresentaram maior redução de diagnósticos de casos novos foram: Cornélio Procópio (39,1%), Paranaguá, (31,1%) e Foz do Iguaçu (30,4%). Em quatro regionais foi identificado aumento de mais de 20% em casos novos, com destaque para Irati, com crescimento de 75% em decorrência do trabalho de busca ativa no sistema prisional.

No Estado, a representação da população privada de liberdade (PPL) entre os casos de tuberculose (novos e mais retratamentos) cresceu quase 60% entre 2015 e 2020. Também foi observado um aumento significativo entre a população em situação de rua, com 65% no mesmo período.

Covid

No ano passado, o número de exames realizados para identificar a tuberculose teve queda de 40,1%. Um dos possíveis motivos é a pandemia do coronavírus.

“A redução nos exames pode explicar a diminuição no número de casos novos e sugere que pessoas ainda podem estar infectadas e sem diagnóstico”, afirmou a chefe da Divisão de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria da Saúde, Mara Franzoloso.

“Consequentemente, em isolamento domiciliar, pessoas sem diagnóstico podem estar expondo as pessoas de seu domicílio aos bacilos da tuberculose, que são capazes de causar infecção latente e ativa. Caso não sejam retomadas as buscas dos sintomáticos, poderemos ver nos próximos anos uma multiplicação exponencial de novos casos, inclusive entre crianças e idosos”, ressaltou.

Desde o início da pandemia, a Secretaria da Saúde alerta os profissionais para as diferenças do diagnóstico entre a tuberculose e a covid-19.

“A tuberculose é uma doença que acomete principalmente os pulmões e afeta os mais vulneráveis, biologicamente ou socialmente”, disse a técnica responsável pelo Programa Estadual de Controle da Tuberculose, Simoni Pimenta de Oliveira.

Ela explicou que os sintomas podem se confundir com os da covid-19, por isso exige atenção redobrada dos profissionais no atendimento. “São sintomas como tosse, febre, cansaço, dor no corpo e dificuldade respiratória”, informou.

A diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da secretaria, Maria Goretti David Lopes, participou do evento virtual e ressaltou que é muito importante a integração das áreas profissionais no enfrentamento de todas as doenças.

Colaboração AEN