Mulheres gestoras contrariam estatística mundial e impulsionam negócios no Brasil

De | 24 de março de 2020 | 10:33
(Foto: Divulgação)

Contrariando as estatísticas. Essa é a expressão que ajuda a entender a participação da mulher em cargos de gerência no Brasil, em comparação com outros países. De acordo com a pesquisa global da Grant Thornton – multinacional especializada em consultoria e auditoria – 34% das vagas de liderança no país são ocupadas por mulheres. O número é maior do que a média global: 29%.

O estudo ainda revela uma crescente significativa nesses cargos. Em apenas um ano, o Brasil cresceu 9% em relação aos dados de 2019, resultado que deixou o país na oitava colocação de um ranking com outros 32 países. O aumento é motivo de comemoração, mas ainda há muito a ser feito pela equidade de gênero dentro das empresas. O Brasil ainda segue atrás de Filipinas (43%), África do Sul (40%), Polônia (48%), México (37%), Indonésia (37%), Nigéria (36%) e Turquia (36%).

Mesmo acima da média global, o crescimento das mulheres em cargos de gestão não se deve apenas às oportunidades criadas pelas empresas, mas sim pela formação e capacidade que as mulheres sempre tiveram. Mais do que nunca, com os avanços da tecnologia, elas têm se aproximado e criado uma rede de empoderamento feminino para lidar com negócios, trabalho e até na vida pessoal.

Não é difícil encontrar coletivos, grupos feministas e outros que tenham como foco o crescimento da mulher, impulsionado por empoderamento e apoio. Um exemplo é a Confraria Amigas do Vinho, que à nível nacional, reúne profissionais de várias áreas que são apaixonadas por vinho e querem empreender e entrar no mercado. Luciana Veronese, que atua como presidente do coletivo da seção do Paraná, lembra que o objetivo do grupo é estimular as mulheres por meio da sororidade.

“Mesmo tendo profissionais de todas as áreas, nossa intenção é incentivar as mulheres por meio do networking feminino. Somos muito mais que apreciadoras de vinho, queremos aproximar, apoiar, incentivar o empreendedorismo e o empoderamento feminino”, explicou.

Sobre o modelo de negócios, Luciana ressalta que todas ajudam todas. “Uma participa da oferta da outra, compra da outra e assim por diante. Essa rede é fundamental. São mais de 200 mulheres, além de 4,5 mil seguidoras nas redes socais”.

Além de presidente da confraria, Veronese também é Diretora Executiva na Webbertek, empresa que trabalha com solução em gestão de negócios. Por trabalhar com softwares e programação, empreendimento majoritariamente masculino, ela sempre buscou participar de grupos femininos. “Além do meu trabalho, eu sempre estive em coletivos de apoio, de empoderamento feminino. Meu foco sempre foi aproximar fomentar negócios de mulheres e estar junto delas para dividir as conquistas”, declarou.

No setor da beleza, a empresária Dany Morena – hair stylist e dona de dois salões de beleza – ressalta que o estudo e a especialização são as melhores formas de crescer no mercado. “Tenho 18 anos de profissão, atualmente tenho dois salões com 70 profissionais. Minha história é de superação, que mostra que podemos chegar onde queremos, basta ter força de vontade. Me dediquei muito em me especializar na minha área, creio que todo profissional tem seu destaque, basta saber usar e crescer dentro do que busca.”, explicou.

Dany, que teve que parar os estudos durante a gravidez, começou na profissão muito cedo e hoje quer motivar as mulheres à atingir seus objetivos. “Tenho buscado sempre mostrar o meu melhor, fazendo não somente bom negócio, mas algo que ajude a transformar a vidas das pessoas e motivar-las a buscar o melhor de si”, declarou a hair stylist.

Toda essa vontade de empreender com sororidade, ajudando e auxiliando umas às outras, já tem dado resultado.De acordo com o Google Search, a expressão “Empoderamento Feminino” no Brasil foi quatro vezes mais buscada no site em 2017 do que em 2012, com 459 mil resultados em um ano. A Thinking Google – plataforma de auditoria da Google – divulgou que empresas que tenham pelo menos 30% dos papéis de liderança ocupados por mulheres são 1,4 vezes mais propensas a ter um crescimento contínuo e lucrativo.