Museu Paranaense promove simpósio virtual sobre arte indígena

De lucianpichetti | 24 de maio de 2020 | 18:40

O Museu Paranaense (Mupa) promove, de 25 a 29 de maio, o I Simpósio Virtual “Arte indígena em comunicação: diálogos entre saberes tradicionais, estética e sustentabilidade”. O evento, que será transmitido na conta @museuparanaense no Instagram, tem a colaboração de diferentes comunidades indígenas, pesquisadores e instituições. Todos os dias será publicada a biografia do convidado e, em seguida, exibida a palestra e outros vídeos, além de uma transmissão ao vivo.

Em tempos de muitas reflexões decorrentes da pandemia em um mundo globalizado, o simpósio busca valorizar o sentido de comunidade, formada tanto pelos pesquisadores quanto por indígenas, em atividades que rompem as fronteiras do museu, chegando também nas aldeias.

O evento tem o objetivo de criar um espaço de diálogos entre as memórias, o cotidiano nas aldeias, as coleções de arte indígena e as instituições culturais da América do Sul. São contribuições importantes que vão entrelaçar narrativas sobre saberes tradicionais, tanto de povos amazônicos como do Sul do Brasil e Nordeste da Argentina, com estudos acadêmicos apresentados por pesquisadores experientes.

A diretora do Museu Paranaense, Gabriela Bettega, explica que a arte indígena será analisada sob várias perspectivas, como patrimônio, diversidade, cinema, memórias, produção cultural, e acervos em instituições públicas e privadas.

“No simpósio virtual será destacada a importância dos saberes tradicionais em relação à sustentabilidade e à construção das identidades. Serão abordados também os diálogos e articulações da arte indígena com a cosmologia, as narrativas míticas, os saberes tradicionais, os artefatos e os agentes mediadores. A ideia é promover a aproximação entre várias temáticas que vêm sendo estudadas no Museu Paranaense desde as suas origens, em 1876”.

Programação

Nesta segunda-feira (25), às 18 horas, tem palestra com a professora da Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Luisa Elvira Belaunde, sobre a trajetória de mulheres indígenas em Cantagallo, no Peru, na busca de sustentabilidade e no reconhecimento da arte Shipibo-Konibo, e suas relações sociocosmológicas, especialmente a da artista Olinda Silvano.

No dia 26 (terça) a programação começa às 13 horas, com um mergulho na cultura Mbyá-Guarani do litoral paranaense. A cacica Mbyá-Guarani Juliana Kerexu Mirim Mariano, liderança indígena feminina no Sul do Brasil, mostra a diversidade e a importância das artes no perpetuar da memória ancestral e na construção da identidade ameríndia. Danças e músicas que se conectam com o sagrado e com a natureza socialmente transformada.

Ainda na terça, às 18 horas, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Pedro de Niemeyer Cesarino faz uma análise contextualizada das artes de povos ameríndios, especialmente da Bacia Amazônica e outras regiões das terras baixas da América do Sul, destacando os processos na produção de artefatos e construções. Ele discute as relações entre pessoas e objetos, mitos e ritos, percorrendo múltiplas trajetórias convergentes à impermanência material nas artes.

Na quarta-feira (27), às 18 horas, haverá uma live com os diretores do filme Bicicletas de Nhanderú, os indígenas Mbyá-Guarani Patrícia Ferreira e Ariel Ortega, e a arqueóloga do Museu Paranaense, Claudia Inês Parellada. O link do filme será disponibilizado pelo Instagram do Mupa no domingo, 24 de maio, para quem quiser assistir antes do bate-papo.

Na quinta-feira (28) tem programação dupla: às 13 horas será exibido vídeo produzido pelo professor Florêncio Rekayg Fernandes, que apresenta aspectos culturais Kaingang na Terra Indígena Rio das Cobras, Sudoeste do Paraná, incluindo a herança de saberes e fazeres, como o trançado, importantes na sustentabilidade e na afirmação da identidade étnica.

O vídeo mostra a elaboração de cestos em taquara, da forma tradicional e raramente observada, com os motivos decorativos, alternando fibras mais claras com as enegrecidas por carvão, fixados com cera de abelha jataí.

No mesmo dia, às 18 horas, a arqueóloga responsável pelo Departamento de Arqueologia do Museu Paranaense, Claudia Inês Parellada, fala sobre a busca de novos horizontes no estudo das artes indígenas no Paraná, entrelaçando com dados arqueológicos e históricos, discutindo materialidade e imaterialidade, diversidade e herança cultural. A pesquisadora destaca as coleções arqueológicas e etnográficas do Mupa, possibilitando diferentes conexões e rupturas em análises sobre representações simbólicas, mitos e cultura material no transcorrer do tempo.

Encerrando o simpósio, na sexta (29), às 18 horas, a pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Lúcia Hussak Van Velthem, apresenta um histórico das principais pesquisas já desenvolvidas sobre artes indígenas no Brasil, com a análise de diferentes conceitos que buscam englobar e destacar a diversidade cultural. Com muitos exemplos, aponta articulações entre mitologia e arte, e elenca referências fundamentais para reflexões sobre essa temática.

Continuidade

Além do simpósio virtual, o Museu Paranaense vai promover também um encontro presencial, previsto para o segundo semestre de 2020, dando continuidade ao projeto, com mais convidados de comunidades indígenas e científicas.

Colaboração AEN