Demanda por chocolates finos estimula investimentos no processo de beneficiamento do cacau

De Redação | 7 de julho de 2019 | 00:00

A busca por amêndoas de qualidade e chocolate fino tem dado um novo tom para a cadeia produtiva de cacau no Brasil. As regiões cacaueiras, antes ricas apenas pela produção de cacau como commodity, agora se reinventam para aproveitar todas as potencialidades do fruto.

Em busca de destacar o sabor, o aroma e a textura originais do fruto no chocolate, os produtores estão explorando novas possibilidades para deixar uma identidade diferente no produto final. Segundo os especialistas da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), quando o processo de beneficiamento das amêndoas do cacau é feito de forma correta, o produtor consegue eliminar perdas, reduzir custos, ganhar peso do cacau seco e, consequentemente, ter mais lucratividade.

E muitos aproveitam as amêndoas de qualidade para fazer o próprio chocolate, em vez de vendê-las para a indústria. É o movimento chamado bean to bar, da amêndoa à barra de chocolate, ou tree to bar, da árvore até a barra, no caso dos produtores de chocolate que também são cacauicultores.

“Este movimento já incomoda e forçou a indústria a apresentar produtos diferenciados, mas que não têm a qualidade que o bean to bar tem. É aí que está a beleza do bean to bar: ter vários tipos de chocolate para todo mundo apreciar”, comenta Neyde Alice Pereira, especialista em pós-colheita do cacau da Ceplac.

Um dos primeiros produtores de cacau da região sul da Bahia a ingressar no movimento foi José Carlos Maltez, integrante de uma família que produz cacau desde o final do século XIX no estado. Maltez conhece de forma profunda toda a história da lavoura cacaueira no estado e não perdeu o movimento de verticalização da produção. A nova geração de sua família produz hoje uma das marcas de referência em chocolate fino na região sul da Bahia. 

“Esse chocolate atual parte diretamente da amêndoa e por isso cada chocolate maker pode dar um tratamento especial à mesma amêndoa e ter chocolates diferentes Isso é o despertar de uma cultura do trabalho artesanal, do sentimento de dentro de casa, de fazenda”, comenta Maltez.

Colaboração Ministério da Agricultura

(Foto: Aguido Ferreira/Ceplac Bahia)