Paraná é o terceiro produtor nacional de maçã

De Barbara Schiontek | 1 de março de 2021 | 10:56
Foto: AEN

A pesquisa e a tecnologia ajudaram o Paraná a marcar presença, mesmo que ainda de forma pequena, em um mercado dominado pelos vizinhos do Sul. A idealização do cultivar de maçã Eva, no fim da década de 1970, pela antiga Iapar-PR (atual Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná –IDR/PR), possibilitou a produção de uma especialidade da fruta que tem baixa necessidade de frio, com maturação precoce e ciclo, desde a floração, estimado em 123 dias.

As características fazem com que a colheita da Eva comece em dezembro, antes de outras variedades como Gala e Fuji, que dominam as plantações de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Assim, a espécie produzida no Paraná, chega antes ao consumidor.

“Podemos dizer que foi uma maçã desenvolvida no Paraná, que como precisa de poucas horas de frio, pode ser plantada em mais cidades, como na Região Metropolitana de Curitiba”, diz o engenheiro agrônomo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Paulo Camargo.

Plantação

Um dos beneficiários da técnica é o agricultor Rui Afonso Fleith, de Paula Freitas, no Sul do Paraná. Há duas décadas no ramo, ele colhe cerca de 500 toneladas de frutas por ano. Em torno de 80% da produção, ou 400 toneladas, são da maçã Eva, o restante da colheita são de kiwis e ameixas.

Ele conta que a maior parte da produção da maça vai para Fraiburgo, em Santa Catarina. De lá, um distribuidor parceiro encaminha para diferentes pontos do Brasil. Uma quantidade menor fica na própria região, no comércio de cidades, como União da Vitória, Porto Vitória e Paulo Frontin. “Já as frutas machucadas são comercializadas com fábricas que fazem vinagre”, conta Fleith.

“Como nessa região não faz muito frio, a Eva se adaptou perfeitamente por ser menos exigente. Além disso, por colher antes das grandes áreas produtoras, conseguimos um preço um pouco melhor”, afirma o agricultor.

Fleith destaca que a espécie é bastante produtiva, com frutos de excelente aspecto visual, firmes, suculentos, adocicados e com agradável teor de acidez. Há, porém, o que melhorar. Ele explica que a obsessão na fazenda é para que a maçã ganhe mais cor, principal atrativo para clientes de quitandas, supermercados e sacolões. Quanto mais chamativa, mais fregueses. “Buscamos uma mutação para que fique ainda mais colorida”, diz.

Produção

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná é o terceiro produtor nacional de maçã, com 3,6% de participação no mercado interno. Em 2019, foram 28,4 mil toneladas e o Valor Bruto de Produção (VBP) foi de R$ 69,2 milhões. Dominam o mercado, os estados do Rio Grande do Sul (53,7%) e de Santa Catarina (41,7%).

Quase metade da produção estadual está concentrada na região de Curitiba (49,2%), com destaque para a Lapa, o segundo município produtor do Paraná, com 22,8% das colheitas. Palmas, no Sudoeste, responde por 27,9% da colheita, liderando a atividade que se espalha por 37 municípios do Estado.

Em 2019, nas Ceasas foram comercializadas 46,5 mil toneladas da fruta, a sétima em volume (8,1%) e a primeira em montante financeiro transacionado, com R$ 194,7 milhões (13%). O preço médio do quilo se estabeleceu em R$ 4,18.

Para este ano, a safra deve superar 32 mil toneladas. Desse total, 14 mil toneladas são da variedade Eva.

Colaboração AEN