Pequenas empresas se adaptam para sobreviver à crise, releva pesquisa

De lucianpichetti | 15 de julho de 2020 | 16:22

Após um período crítico para manter os negócios em funcionamento, as micro e pequenas empresas paranaenses começaram a apresentar sinais de reação diante dos impactos da pandemia. Um levantamento feito pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre os dias 25 e 30 de junho, apontou que 66% das empresas do estado mudaram a maneira de funcionar e que 22% delas interromperam o funcionamento. Na pesquisa anterior, realizada em abril, a interrupção temporária havia afetado 61% das empresas e apenas 29% tinham realizado adequações para continuar em atividade.

Os dados fazem parte da 5ª edição da Pesquisa “O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, que teve a participação de 6.470 Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas e Empresas de Pequeno Porte em todo o país.

No Paraná, foram ouvidos 512 empresários. O novo levantamento também apontou uma redução na queda de faturamento das empresas paranaenses. Enquanto em abril a perda média era de 76,9%, em junho a média de diminuição das receitas ficou em 60%. Em todo o país, a variação foi ainda maior. As receitas das empresas brasileiras tinham diminuído, em média, 70% em abril e na pesquisa mais recente o número era de 51%.

O levantamento aponta que desde o início da pandemia, 800 mil empresas brasileiras conseguiram estancar a queda no faturamento. A proporção de pequenos negócios com redução no faturamento caiu de 89% para 84%, desde março, quando foi feita a primeira edição da pesquisa. Essa recuperação, entretanto, não é igual para todos os segmentos.

Alguns setores como o agronegócio, indústria alimentícia e pet shop/veterinária apresentam maior capacidade de retomada, ao contrário de setores mais diretamente afetados, como turismo e economia criativa.

“O estancamento na queda de faturamento sinaliza um tímido movimento de recuperação. Mas ainda estamos longe de vencer a crise. E sem o destravamento do dinheiro disponível nos bancos, essa retomada será extremamente lenta ou até fatal para os pequenos negócios, pois a reabertura implica em gastos e não necessariamente em demanda de clientes”, ressalta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

O levantamento do Sebrae também mostrou que as empresas vêm se adaptando ao novo cenário ao intensificar a transformação digital dos negócios e as vendas online. Nos últimos dois meses, no Paraná, houve um aumento de 31% para 46% das empresas que estão utilizando ferramentas digitais para se manterem em funcionamento.

Em todo o Brasil, o número passou de 37% para 44%. Nacionalmente, também houve uma redução de 39% para 23% entre as empresas que afirmam que só podem funcionar presencialmente.

De uma forma geral, a pesquisa mostra que houve uma redução na restrição de circulação de pessoas no período analisado, com queda de 63% para 54% nas medidas de quarentena (fechamento parcial) e lockdown (fechamento total). Por outro lado, observa-se que as regiões em que o nível de isolamento era menor, como Sul e Centro-Oeste, caminham agora em sentido contrário ao movimento nacional e tiveram que aumentar as medidas de isolamento.

No Paraná, por exemplo, há pouco mais de um mês, 36,8% dos empresários apontaram que o estado passava por um fechamento parcial ou total. No final de junho, o número subiu para 72%.

Crédito

A 5ª edição da pesquisa do Sebrae mostra que houve, novamente, um aumento na proporção de empresas que conseguiram empréstimo, porém em um ritmo aquém do esperado (de 16% para 18%). Na contramão, o número de empresas que buscou empréstimos aumentou consideravelmente, principalmente entre as MPE. Entre a 4ª e a 5ª edição da pesquisa, o percentual de empreendedores que buscaram crédito saiu de 39% para 46%.

Entre os principais motivos para a recusa dos bancos está a negativação; sendo o CPF com restrição a principal razão pela não obtenção de crédito entre os MEI e a negativação no CADIN/Serasa, no caso das ME e EPP.

Colaboração Sebrae