O policial militar Wanderson Rigotti, denunciado por envolvimento na morte de Leandro Cordeiro durante uma perseguição na BR-277, em São José dos Pinhais, foi preso nesta segunda-feira (3). O mandado de prisão foi expedido pela 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais e cumprido pela Corregedoria da Polícia Militar.
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De acordo com a corporação, o policial foi preso preventivamente e fica agora à disposição da Justiça. Ele permanecerá detido em um quartel da Polícia Militar, que não foi divulgado. Wanderson Rigotti foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná na última quinta-feira (30), por fraude processual, inserção de dados falsos em sistema de informações e homicídio simples.
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Imagens de câmeras de segurança que foram divulgadas pela Promotoria responsável pelo caso mostram o momento em que o suspeito se aproxima do corpo e se abaixa com um objeto nas mãos, que segundo o MPPR se trata de uma arma de fogo. Depois disso, o PM ainda chuta o jovem morto, aparentemente para esconder o objeto debaixo do corpo, mesmo local onde a arma foi encontrada durante a perícia.
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Além do policial preso, outro agente da corporação, que estava junto com Rigotti no momento da abordagem ao jovem, foi denunciado pelo Ministério Público. Ele deve responder por fraude processual e inserção de dados falsos em sistema de informações – no caso, o boletim de ocorrência.
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Denúncia do MPPR
De acordo com a Promotoria de Justiça, o policial militar que realizou o disparo de arma de fogo “agiu de forma que a vítima não teve nenhuma possibilidade de defesa, uma vez que conduzia uma motocicleta, (…) enquanto que o denunciando, que conduzia viatura policial e perseguia a vítima (…), efetuou os disparos de arma de fogo contra a vítima, atingindo-a pelas costas”, conforme descrito em laudos periciais. O MPPR também destaca que o policial teve motivação torpe, “uma vez que desferiu disparos de arma de fogo contra a vítima, com a inequívoca intenção de matá-la como reprimenda porque esta não obedeceu sua ordem de parada”.
A denúncia descreve que os policiais inseriram “uma arma de fogo sob o corpo da vítima, com a inequívoca finalidade de induzirem em erro os investigadores, peritos e juízes atuantes no procedimento investigatório criminal”. A finalidade seria “fazer crer que a vítima portava ostensivamente uma arma de fogo no momento da perseguição”. Além disso, a denúncia cita que o policial acusado de atirar contra o motociclista tirou as munições do carregador de sua arma, de modo a impossibilitar a análise pericial referente a quantidade de disparos efetuados.
O Ministério Público sustenta ainda que os dois denunciados colocaram dados falsos no registro do boletim de ocorrência, que não correspondiam à realidade, no sistema da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, sobretudo quando sustentaram que a vítima havia sacado uma arma de fogo e efetuados disparos contra a equipe.