Presos do Paraná já produziram 2 milhões de unidades de EPIs

De lucianpichetti | 14 de julho de 2020 | 15:29
Foto: AEN

Presos do sistema penal do Paraná têm trabalhado para colaborar com a produção de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o Covid-19. A confecção de máscaras, jalecos, uniformes, escafandros, toucas e outros itens dentro das unidades prisionais, que já passou de 2 milhões, é uma forma de reduzir a demanda de compra do Departamento Penitenciário (Depen) e demais instituições ligadas à Secretaria da Segurança Pública, assim como a de setores da saúde e de prefeituras.

Por meio de parcerias e convênios, as instituições interessadas, incluindo forças de segurança, como Polícia Miliar e Polícia Civil, Guardas Municipais e hospitais, fornecem o tecido e o Depen a mão de obra dos presos. Diversas prefeituras e conselhos da comunidade também disponibilizaram máquinas de costura, o que tornou possível dar oportunidade de trabalho a mais presos.

Produção

Beneficiados com a redução de um dia de pena a cada três dias trabalhados, os presos já costuraram dois milhões de máscaras e quase 34 mil jalecos, além de cerca de 7,8 mil itens para hospitais, como lençóis, pijamas, escudos faciais, toucas e sapatos descartáveis. A produção foi iniciada em 23 de março em algumas regiões e intensificada a partir do dia 06 de abril.

Produção

Para evitar a proliferação do novo coronavírus no sistema prisional, servidores e detentos receberam uma média de três máscaras por pessoa. De início, o objetivo era produzir cerca de 10 mil unidades de produtos por dia em todo o estado, marca que foi atingida ainda no fim do mês de abril.

A confecção, tanto para a distribuição interna quanto para os convênios fechados, gira hoje em torno de 80 mil itens diários. “É uma marca muito expressiva, considerando que não tínhamos know-how de fabricação de máscaras”, diz o diretor-geral do Departamento Penitenciário, Francisco Caricati. Ele lembra que a fabricação foi iniciada diante da necessidade da sociedade e também de dotar os órgão de segurança e de saúde de EPIs.

“Chegar aos dois milhões de itens produzidos nos deixa muito felizes e cientes de que a estrutura criada no Departamento permitiu que, nesse momento de pandemia, pudéssemos ter uma solução viável para atender as demandas”, afirma Caricati.

Economia

Além de reduzir a pena do preso, a confecção de itens dentro do sistema prisonal gera economia para o Estado. “Fiz o cálculo com cinco produtos: água sanitária, desinfetante, sabão para piso, sabão para roupas e álcool em gel. Somente em junho, a economia permitida pela produção dentro do sistema foi de R$ 90 mil. Com as 115 mil máscaras, a economia é de cerca de R$ 80,5 mil”, destaca o chefe do Setor de Produção e Desenvolvimento (Seprod) do Depen, Boanerges Silvestre Boeno Filho.

De acordo com ele, a confecção dos itens também é uma importante forma de manter os presos em atividades laborais, uma vez que grande parte dos canteiros de trabalho foram suspensos.

Convênios

Já instaladas na Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão (PEFB) e na Colônia Penal e Industrial de Maringá (CPIM), duas empresas mudaram o foco de confecção de calças jeans para máscaras.  Diferente do que ocorre com a confecção geral, a produção destas empresas é totalmente repassada a elas.

Em Francisco Beltrão, 40 presos implantados no canteiro da K&G Indústria e Comércio de Confecções têm confeccionado diariamente cerca de 40 mil máscaras. Já na CPIM, a produção diária da TA Indústria e Facção de Artigos para Vestuário, a qual também tem 40 presos colocados no canteiro de obras, gira em torno de 30 mil peças.

 “Nestes canteiros, os equipamentos e matérias-primas são das empresas. De responsabilidade delas também está o pagamento da mão de obra dos detentos, que recebem 75% de um salário mínimo”, explica Boanerges Boeno.

Colaboração AEN