Queda de faturamento atinge 65% das empresas no Paraná

De Marcelle Nogueira | 3 de julho de 2020 | 17:21
AEN Paraná

Cerca de 65% das empresas instaladas no Paraná registraram queda no faturamento em abril e maio de 2020, no comparativo com o mesmo período do ano passado. A análise, divulgada nesta sexta-feira (3) no boletim conjuntural das secretarias de Fazenda e Planejamento e Projetos Estruturantes, leva em consideração contribuintes do ICMS que emitiram notas fiscais nesse período.

A queda nas vendas foi de 68% em abril e 59% em maio, com a retomada mais vigorosa de algumas atividades naquele instante. Nos dois meses, entretanto, alguns estabelecimentos registraram crescimento nas vendas: 29% em abril e 37% em maio, principalmente ligados a alguns setores como supermercados, linha branca e móveis.

Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o de restaurantes, atividade na qual estabelecimentos que faturavam de R$ 30 mil (pequeno porte) por mês até R$ 10 milhões (grande porte) registraram perdas superiores a 50% no fluxo financeiro – em alguns casos, o a queda ultrapassou 80%.

Setorialmente e na classificação de porte, apenas comércios varejistas com faturamento superior a R$ 10 milhões apontaram aumento nas vendas ou estabilidade em abril e maio, em comparação com o mesmo período de 2019. No entanto, 49% desses estabelecimentos apontaram perdas de 10% a 80%.

ATIVIDADES – Segundo a Receita Estadual, ainda estão fechados 4,1 mil estabelecimentos do Simples Nacional e 1,5 mil do Regime Normal. Durante o final de março e o começo de abril, no início das restrições de circulação, 37,7 mil estabelecimentos da primeira categoria e 6,3 mil da segunda fecharam momentaneamente. Há expectativa de impacto similar nas próximas semanas, devido ao decreto que restringe as atividades econômicas em 134 municípios paranaenses.

Regionalmente e na comparação da semana de 22 a 26 de junho com a de 9 a 13 de março (momento exatamente anterior ao início das restrições, indicado como 100% para efeitos de comparação), Arapongas já atingiu pico de normalidade, e Araucária, Pato Branco e Francisco Beltrão (98%) chegaram em patamar similar. A média paranaense é um pouco mais baixa, de 94%.

A análise das regionais impactadas pelo novo decreto do Governo o Estado mostra que elas estavam próximas de atingir nível anterior da pandemia. Toledo, influenciada pelas restrições municipais, estava com 82%, contra 86% de Foz do Iguaçu e 89% da Região Metropolitana de Curitiba. Cascavel (94%), Cianorte (93%) e a região Norte, de Londrina e Cornélio Procópio (93%), estavam dentro da média paranaense.

VENDAS – Segundo o boletim conjuntural, as vendas nos supermercados variaram dentro de uma margem de normalidade desde março e as farmácias registraram leve queda, enquanto restaurantes e lanchonetes atingiram 50% de vendas apenas em uma semana do mês de junho.

Alguns setores estão com padrão de comércio superior inclusive a março nos últimos 15 dias, como linha branca; televisores; telefone celular; móveis; colchões; e iluminação. Outras atividades apontam para manutenção das vendas em abril e maio, como materiais de construção e ferragens; áudio, vídeo e eletrodomésticos; e informática e telefonia.

A análise mostra vendas fracas nas últimas semanas em vestuário e acessórios; cama, mesa e banho; e calçados. Os setores de bebidas (alcoólicas e não alcoólicas) e de alimentação (carnes, peixes, frutos do mar, frutas, verduras, raízes, mel, laticínios, ovos, café, farinha, sementes e cereais) registraram volume de vendas estável ao longo dos últimos três meses.

O setor automotivo mantém trajetória irregular. As vendas de caminhões e ônibus cresceram nas últimas três semanas e atingiram patamar superior a março, enquanto o comércio de motocicletas registra evolução constante em junho, mas ainda em estágio inferior, com 76% de normalidade. As vendas de carros aumentaram em junho.

CAGED – O boletim também traz dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. Entre março e maio foram cortados 94.450 vínculos com carteira assinada no Estado, com impacto mais relevante no setor de serviços (-47.326), comércio (-25.565) e indústria (-21.286). Regionalmente, o Leste acumulou a perda de 58.743 vagas.

Apenas em maio o Paraná perdeu 23.856 empregos e o resultado acumulado do ano já é e 47.696 empregos a menos. Mesmo assim, o Estado registrou menos demissões do que Rio Grande do Sul e Santa Catarina ao longo de 2020.

Colaboração AEN