Caso Andrei: digitais do jornalista não foram encontradas em arma

De Redação | 4 de junho de 2019 | 09:39

O laudo realizado pelo Laboratório Papiloscópico do Instituto de Identificação do Paraná deu negativo para a presença de digitais do jornalista Andrei Gustavo Orsini Francisquini, morto em uma abordagem policial, na arma supostamente encontrada no colo do homem. O documento reforça a tese levantada pela defesa da família do jornalista no início da investigação, de que ele não estaria armado e foi morto por um erro policial.

Foram periciadas uma pistola 9mm, dez cartuchos de mesmo calibre e um carregador de pistola, após requerimento feito pela defesa do jornalista, de 35 anos, morto na madrugada do dia 12 de maio, na Praça da Espanha. “Se tinha alguma forma de ter certeza de que a arma não era dele, era colhendo as impressões [digitais] tanto dos projéteis, quanto do carregador, que ficam acoplados na arma. Se o Andrei tivesse manuseado aquela arma, as impressões digitais estariam ali”, afirmou o advogado Paulo Cristo.

O laudo, por sua vez, apontou que “não foi revelado nenhum fragmento de impressão papilar” nos objetos que, de acordo com a Polícia Militar (PM), estavam no colo do homem. “Como nós fizemos o requerimento da perícia para negativa do Andrei, ela para nós veio de forma positiva, ou seja, quer dizer que foi excluída a digital do Andrei daquela arma e, portanto, ela nunca foi manuseada por ele”, disse. As demais digitais que possivelmente serão identificadas na pistola, irão constar, de acordo com o advogado, no final do inquérito policial. “Podem ter várias impressões digitais sobrepostas naquela arma? Pode. Pode ter de policial, do perito, de várias pessoas, mas uma nós temos a certeza: do Andrei não tem”.

Para o advogado, esta foi uma forma de alterar a verdade dos fatos, já que seria “nitidamente impossível” a arma ter permanecido no colo de Andrei após toda a perseguição. “Não sabemos que foi que fez essa alteração da verdade dos fatos naquela ocasião, cabe agora a autoridade policial investigar. Porque, a princípio, o que está acontecendo hoje é que alguns policiais estão utilizando dessa manobra para tentar esconder um erro praticado na operação policial, a exemplo do que aconteceu na BR-277”, relatou ao se referir do caso do motociclista Leandro Cordeiro, morto pela PM no dia 21 de abril, em São José dos Pinhais.

Cristo afirmou, ainda, que a defesa ficou “preocupada” em relação aos tiros que atingiram o lado esquerdo do corpo de Andrei. “Os tiros foram fatais, inclusive um chegou a acertar o coração. Analisando as imagens, estamos achando, claro que não concluímos, que a segunda viatura que entra na Praça da Espanha pode também ter participado dessa execução, pois foram dois tiros nas costas do Andrei, do lado esquerdo”, comentou.

De acordo com o laudo do Instituto de Criminalística, o jornalista foi atingido por seis tiros, e tinha lesões no braço direito, nas costas, no ombro direito, na coxa esquerda e na parte direita do peito.

A reportagem entrou em contato com a defesa dos policiais envolvidos no caso, e aguarda posicionamento.

O caso

O jornalista foi baleado após uma tentativa de abordagem durante a madrugada, no bairro Batel, em Curitiba. Imagens de câmera de segurança mostraram os policiais atirando contra o carro do homem, na Avenida Vicente Machado, antes de dar início à perseguição, que acabou em um cerco na Praça da Espanha.

Colaboração Lucas Rocha/Rede Massa