Países vizinhos fecham fronteiras; Brasil não adota as mesmas medidas

De Scheila Pessoa | 17 de março de 2020 | 11:01
(Foto: Arquivo/EBC)

Os brasileiros que tentam cruzar a Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu, desde a manhã de segunda-feira (16), estão sendo barrados pelas autoridades de saúde do Paraguai. O país vizinho determinou o fechamento das fronteiras por 15 dias, para conter os casos de coronavírus. A Guarda Nacional faz o monitoramento e a segurança da ponte do lado paraguaio.

No entanto, o governo brasileiro não adotou as mesmas medidas e as fronteiras do Brasil seguem abertas. A situação revoltou muitos brasileiros que trabalham no Paraguai, e também turistas, que são impedidos de entrar. “Vou tentar passar porque tenho que trabalhar. E onde estão as autoridades brasileiras, porque eles (paraguaios) podem vir para cá”, desabafou Gerson Pine, que trabalha em Cidade do Leste, e foi impedido de entrar no Paraguai.

Apenas quem tem documentos paraguaios consegue atravessar a fronteira. Como o brasileiro Valmir Sonadrio, que trabalha e mora no Paraguai, consegue entrar. “Tenho documentos e moro no Paraguai”, concluiu pouco antes de atravessar a ponte.

Autoridades Brasileiras

O Gabinete de Gestão Integrada de Foz do Iguaçu (GGI) reuniu na tarde de segunda-feira (16) representantes das polícias Federal, Militar, Civil, Guarda Municipal, Policia Rodoviária Federal, Exército, Marinha, Aeronáutica, Força Nacional, Corpo de Bombeiros, FOZTRANS, Receita Federal, Defesa Cívil, Anvisa para avaliar as primeiras medidas de contenção ao coronavírus em Foz.

O Secretário de Saúde e vice-prefeito, Nilton Bobato, participou da reunião acompanhado de parte da equipe técnica que está elaborando as ações de enfrentamento a Covid-19.

Para o chefe da Delegacia da PRF de Foz, Luiz Gênova, a única parte deficitária das ações de combate está na abordagem de quem chega pelas pontes internacionais. “Está faltando reciprocidade, os brasileiros que tentam ir ao Paraguai estão sendo barrados e não temos ao menos o controle de quem entra” destacou.

Gênova relatou que a PRF tem recebido muitas cobranças nesse sentido, situação também relatada pelos representantes da Polícia Federal presentes. “Estamos aguardando as determinações do Governo Federal, pois nesse caso só podemos agir com uma ordem direta da Presidência da República.”

Apesar do município não poder atuar nas áreas primárias das pontes da Amizade e da Fraternidade, que são de jurisdição federal, a colaboração e a atenção de todos os órgãos têm sido fundamentais.

Fakenews e Desbastecimento

Um dos problemas mais apontados na reunião, além do risco de circulação viral, é que as medidas desproporcionais entre os três países provocaram a falta momentânea de produtos em supermercados da cidade.

No último domingo (15), moradores das cidades vizinhas realizaram uma verdadeira corrida às lojas. O resultado foram prateleiras vazias onde deveriam estar produtos de limpeza como álcool, água sanitária e até papel higiênico. “Infelizmente essa crise provoca o medo nas pessoas e as fakenews têm agravado muito isso” destacou o Delegado Francisco Sampaio, da 6ª SDP.

“As informações mentirosas são amplamente compartilhadas de maneira irresponsável. O resultado são pessoas desesperadas querendo fazer estoque de produtos e com comportamentos incompatíveis com a própria segurança” comentou Bobato, reforçando que o momento é de calma.

A prefeitura de Foz do Iguaçu deve protocolar na tarde desta terça-feira (17) um ofício solicitando as ações de controle migratório junto ao Ministério da Defesa, em Brasília.

Colaboração Tribuna da Massa Foz do Iguaçu/Prefeitura de Foz do Iguaçu