Sociedade Brasileira de Endocrinologia faz alerta sobre os perigos da obesidade para a saúde

De Scheila Pessoa | 29 de fevereiro de 2020 | 10:07
(Foto: Divulgação)

A data do Dia Mundial da Obesidade foi alterada, do dia 11 de outubro, para o dia 4 de março pela World Obesity Federation (WOF). A decisão pretende unir outras atividades ao redor do mundo como o European Obesity Day e National Obesity Care Week. Neste ano, o tema da campanha é “Saúde Não se Pesa”.

Considerada uma doença crônica, a obesidade vem apresentando números que merecem atenção. De acordo com uma pesquisa de 2018 do Ministério da Saúde, no Brasil 19,8% da população é obesa e 55,7% está com excesso de peso. Houve aumento de 67,8% nos últimos 13 anos, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018. Em Curitiba, o problema afeta 16% da população, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde.

Para a endocrinologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Paraná (SBEM-PR), Dra. Maria Augusta KarasZella, é preciso conscientizar a população de que a prevenção da obesidade começa com pequenas atitudes no nosso dia a dia. “Não existe obeso saudável. Para combater a obesidade, temos que fazer o combate ao sedentarismo, estar sempre ativos e associar um plano alimentar saudável. Basta começar! Trocar o carro pela bicicleta, fazer mais caminhada, ficar menos nas ‘telas’, e ter maior consciência nas escolhas dos alimentos, ou seja, pequenas mudanças diárias que ajudam e muito no combate à doença. Desembalar menos, descascar mais”, ressaltou.

O novo Dia Mundial da Obesidade 2020 focará na mudança global sobre histórias que envolvem a obesidade, entre eles a ‘tolerância zero’ para o estigma do peso e os relatórios sobre os desafios econômicos da obesidade, tanto em adultos como em crianças e adolescentes. A Unicef também está envolvida nas ações em 2020, assim como outras associações em diversos países.

É preciso mudar hábitos

Um exemplo que pode servir de inspiração para muita gente é o da secretária Elisa Rasmussen Menegassi, de 37 anos. Ao realizar alguns exames e ouvir da médica que os resultados pareciam ser de uma pessoa de 70 anos, ela resolveu mudar. “Levei um susto. Eu estava com os triglicerídeos alto e pré-diabética. Sentia dificuldade para andar e estava sempre cansada. Pensei até em fazer cirurgia bariátrica, mas resolvi perder peso com a mudança de hábitos”, contou, orgulhosa.

Há um ano ela pratica atividade física regularmente, com musculação e exercícios que trabalham a parte cardiovascular de 3 a 4 vezes por semana, sempre com orientação de um educador físico. Ela mudou os hábitos alimentares com o acompanhamento de uma endocrinologista e de uma nutricionista, e hoje comemora o impacto positivo que vai além da aparência. “Já perdi 13 kg em um ano. Ganhei saúde, e isso é o mais importante. A redução do peso foi consequência. Não estou mais pré-diabética, me sinto mais disposta para trabalhar e a bronquite, que sempre atacava no inverno, ano passado não tive sintomas”, relatou.

Causas da obesidade

O excesso de peso pode estar ligado à genética, à má alimentação ou, por exemplo, a disfunções endócrinas. Por isso, antes de qualquer método para a perda de peso, é importante consultar um médico endocrinologista.

“O tratamento da obesidade deve ser feito com mudanças no estilo de vida, associado ao uso de medicamentos quando o IMC (Índice de Massa Corporal) for maior do que30. A consulta médica é fundamental para que o tratamento seja individualizado com a segurança necessária. O tratamento de maior eficácia se faz com equipe multidisciplinar incluindo o educador físico, psicólogo, nutricionista e endocrinologista”, acrescentou a especialista.

Consequências

A obesidade é uma doença que merece ser tratada com respeito por estar frequentemente associada a outras doenças crônicas, como o diabetes, a hipertensão arterial, a artrose e até alguns tipos de câncer. “Por isso”, alerta a endocrinologista, “é de fundamental importância conscientizar o paciente sobre as implicações da doença na saúde dele”.

Tratamento

O tratamento para a obesidade deve ser feito de maneira multidisciplinar, conhecendo sempre o histórico do paciente e fazendo as mudanças necessárias na rotina dele.

Segundo a Dra. Maria Augusta, a obesidade não tem uma única causa e também não tem um só tratamento nem cura, é uma doença crônica. Mas há diversos pontos que podem ser modificados, a começar pela alimentação.

“É preciso resgatar a amizade com o alimento, dando tempo, atenção e a devida importância que ele tem. Menos tela para as crianças, mais brincadeiras ao ar livre. Vida é movimento”, resumiu a especialista.

Colaboração SBEM-PR